domingo, 13 de março de 2011

Mas lá fui!

Caro Rui
Desde que a minha mãe nos descreveu as suas viagens à Terra Santa, que eu e a Maria decidimos que essa seria a nossa viagem de sonho. Pedimos-lhe que falasse com o Rui e nos inscrevesse, e ficámos pacatamente à espera.
Quando soubemos que tínhamos sido aceites, foi uma enorme alegria seguida, da minha parte, de uns meses de apreensão, quando comecei a ouvir falar em reuniões de preparação obrigatórias (reunião de preparação para uma viagem?!!) e, durante as mesmas, de disciplina, oração, espírito de grupo, peregrinação,... Apesar das descrições da minha mãe, na minha cabeça ainda não tinha consciencializado que esta era uma peregrinação, e não uma simples viagem de turismo de cariz religioso. Fiquei com algumas dúvidas: ia ou não ia? Com a Maria entusiasmadíssima com tudo (ela que é tão pouco disciplinada, a achar tudo óptimo), fui-me deixando levar. Depois, e apesar do espírito de peregrino já estar solidificado com alegria, a ideia das noites quase directas, do cansaço, dos nossos gémeos de 3 anos ficarem para trás tanto tempo e de tão longe (pela primeira vez na vida), etc., não me entusiasmavam.

Mas lá fui ! Os nossos gémeos Tirso e Xavier pareciam mais entusiasmados de nos ver pelas costas (ficando com a casa da avó - onde a liberdade parece infinita...- por sua conta), do que nós com a partida. Terá sido essa a primeira intervenção de Deus nesta viagem? É que, quando receávamos uma despedida sofrida, deu-se um tranquilo adeus, o que nos acalmou para partirmos em paz. E a mesma coisa aconteceu durante a viagem. O bem que eles estavam libertou-nos para mergulhar de cabeça na Terra Santa. Também as outras preocupações que levava se foram desvanecendo, para o que muito contribuiu o espírito unido e acolhedor do grupo, a boa disposição do Alex, e o "inesperado" relaxamento do Rui, que percebia que este grupo se ia entregando à peregrinação como ele desejaria, sem grandes resistências e com uma naturalidade espantosa. Se a isto juntarmos a profundidade e exacta adequação das reflexões do Padre Dário (e do Rui) em todo o lado, a viagem começava a tornar-se em algo único e muito especial.

Embora a semana tenha funcionado como um todo quase indivisível, há alguns momentos que gostaria de destacar - Logo no primeiro dia, a missa na Basílica da Anunciação, em Nazaré, que funcionou para me demonstrar que era real, eu estava mesmo naquele lugar, tinha lá chegado! E emocionei-me. Uma surpresa foi o Lugar do Primado: na minha cabeça eu ia visitar os lugares onde o Jesus histórico tinha andado; quando de repente me encontrei onde Jesus apareceu Resusscitado, num dos momentos de maior e mais realista diálogo que os Evangelhos descrevem, fiquei profundamente tocado. O Deserto foi também muito bonito, embora neste lugar o aprofundamento espiritual, o momento de oração profunda, não tenha resultado... Mas resultou o ter percebido porque Jesus escolhera aquele lugar, ter partilhado aquela beleza toda com o meu Jesus; aliás, toda a paisagem de Israel foi uma maravilhosa supresa, pois nesse aspecto ia a contar com um país sem grande interesse paisagístico. Foi pois com supresa e um delicioso prazer que descobri as belezas da Terra por onde Jesus andou, que vi os pássaros e as árvores que Ele viu.
O meu ponto mais alto de profunda oração, e talvez o ponto mais alto da peregrinação, foi durante a adoração no Monte das Oliveiras - primeiro a preparação no Jardim das Oliveiras, onde senti que era um privilegiado, e onde fui entrando aos poucos numa grata oração; depois a oração profunda e tão calma na Igreja da Agonia, culminando com uns segundos de intensa emoção, diria que até magnetismo, quando pude abraçar e beijar a rocha onde Jesus tanto terá sofrido. No dia seguinte, depois da Via Sacra, esperava-nos uma razoável fila para entrar no Santo Sepúlcro. No meio desse mar de gente, não esperava grande coisa da visita a esse lugar tão especial; mas eis que, na antecâmara me consigo recolher uns segundos e que depois, com as mãos em cima do Santo Sepúlcro, beijando-o, voltei inesperadamente a sentir aquela força espantosa do dia interior, aquele magnetismo, que me fizeram sair de lá tão preenchido...

Não menos importante do que todos estes momentos, foi a insistência do Padre Dário, para que saíssemos de Israel diferentes, e a sua acentuação constante da palavra "Paz".

A preparação que o Rui fez foi indizível, indescritivelmente bem feita, em todos os pormenores. Simplesmente não há palavras. Tanto assim o sinto, que agora só me apetece berrar para que as pessoas vão à Terra Santa. Mas depois quase que me calo, quando percebo que, tão importante como ir, é ir bem preparado... (não poderia o Rui abrir uma agência só para preparar viagens assim à Terra Santa? Assim, resolvia-se o problema !...)

Por tudo isto, esta viagem foi para mim algo de muito marcante, que não mais dexarei de recordar, e que acredito que mudou a minha relação com Cristo e a Igreja Católica.

Os meus sentidos agradecimentos ao Rui e a toda a sua equipa, ao Padre Dário, e a todos os colegas peregrinos.

Muitas saudades,

Vicente Olazabal

1 comentário:

  1. Obrigado Vicente pelo seu testemunho,como diz o Rui é tão importante partilharmos o que vivemos e sentimo no nosso coração.
    Bjs e um bj à Maria
    Zézinha

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