S. Jerónimo, presbítero, cardeal, Doutor da Igreja, séc. IV
Nasceu em Estridon (Dalmácia, hoje Croácia) cerca do ano 340.
Tendo herdado dos pais uma pequena fortuna, aproveitou para realizar a sua vocação de amante dos estudos. Assim, viajou para Roma, onde procurou os melhores mestres de retórica e onde passou uma juventude um tanto livre. Ele mesmo nos refere com verdadeira dor os desvarios da sua juventude.
Um dos seus ideais mais intensos foi o cuidado de formar uma grande biblioteca. Outra das suas ocupações favoritas e que prova também o seu fundo sério e cristão, foi a de visitar os túmulos dos mártires. Nos Domingos, em companhia dos melhores amigos, visitava os labirintos escuros das Catacumbas, contemplava as capelas e esforçava-se por decifrar os epitáfios dos mártires.
Recebeu o baptismo do Papa Libério, já com 25 anos de idade. Viajando pela Gália, entrou em contacto com o monacato ocidental e retirou-se com alguns amigos para Aquiléia, formando uma pequena comunidade religiosa, cuja principal actividade era o estudo da Bíblia e das obras de Teologia.
São Jerónimo tinha um carácter indómito e gostava de opções radicais; desejou, portanto, conhecer e praticar o rigor da vida monástica que se vivia no Oriente, pátria do monaquismo. Esteve vários anos no deserto da Síria, entregando-se a jejuns e penitências tão rigorosas, que o levaram aos limites da morte.
Abandonando o meio monástico, dirigiu-se a Constantinopla, atraído pela fama oratória de São Gregório de Nazianzeno, que lhe abriu o espírito ao amor pela exegese da Sagrada Escritura. Por volta do ano 373 ou 374 resolveu lançar-se a uma peregrinação à Terra Santa mas uma prolongada doença obrigou-o a permanecer muito tempo em Antioquia da Síria, onde se especializou no estudo da lingual grega e prestou serviços relevantes ao bispo Paulino, que o quis ordenar sacerdote, no ano 379. No entanto, Jerónimo não sentia vocação à actividade pastoral e quase nunca exerceu o ministério sacerdotal. Tendo que optar entre a sua vocação inata de escritor e o chamamento à ascese monástica, encontrou uma conciliação entre estes extremos que marcaria o caminho da sua vida: seria um monge mas um monge para quem o retiro era ocasião para uma dedicação total ao estudo, à reflexão, à férrea disciplina necessária à produção da sua obra, que queria dedicar na sua totalidade à difusão do cristianismo. Dentro desta vocação e severa disciplina, estudou o hebraico com um esforço sobre humano e aperfeiçoou os seus conhecimentos do grego para poder compreender melhor as Escrituras nas línguas originais.
Chamado a Roma pelo Papa Dâmaso no ano 382, que o escolheu como secretário particular, recebeu do mesmo a incumbência de converter a Bíblia para o latim, graças ao conhecimento que tinha desta língua, do grego e do hebraico. O Papa desejava, de facto, uma tradução da Bíblia mais fiel em tudo aos textos originais, traduzida e apresentada num latim mais correcto, que pudesse servir de texto único e uniforme na liturgia. Até à altura existiam traduções populares muito imperfeitas e diversificadas, que criavam confusão.
O espírito de São Jerónimo fica bem retratado por estas frases que dirigiu ao Papa: “Eu mantenho-me unido a Sua Santidade, isto é, à Sé de Pedro. Sobre esta rocha sei que está fundada a Igreja. Fora da Igreja não há salvação. (…) Quem está fora da Igreja do Senhor, não pode ser puro”.
No ano de 385 São Jerónimo abandona Roma definitivamente, e toma, pela segunda vez, o caminho de Jerusalém. Depois de percorrer as colónias monásticas do deserto da Nítria, estabelece-se definitivamente em Belém, no ano de 386, onde viveu 34 anos numa contínua e incansável actividade literária, de oração e penitência.
O trabalho de São Jerónimo começado em Roma durou praticamente toda a sua vida. Na tradução, São Jerónimo revela um agudo senso crítico, um amor incontido à Palavra de Deus e uma riqueza de informações sobre os tempos e lugares relativos à Bíblia.
Como dele disse o Papa Bento XVI: A preparação literária e a ampla erudição permitiram que Jerónimo fizesse a revisão e a tradução de muitos textos bíblicos: um precioso trabalho para a Igreja latina e para a cultura ocidental. Com base nos textos originais em grego e em hebraico e graças ao confronto com versões anteriores, ele realizou a revisão dos quatro Evangelhos em língua latina, depois o Saltério e grande parte do Antigo Testamento. Tendo em conta o original hebraico e grego, a Septuaginta, a versão grega clássica do Antigo Testamento que remontava ao tempo pré-cristão, e as precedentes versões latinas, Jerónimo, com a ajuda de outros colaboradores, pôde oferecer uma tradução melhor: ela constitui a chamada "Vulgata", o texto "oficial" da Igreja latina, que foi reconhecido como tal pelo Concílio de Trento e que, depois da recente revisão, permanece o texto "oficial" da Igreja de língua latina.
Tendo herdado dos pais uma pequena fortuna, aproveitou para realizar a sua vocação de amante dos estudos. Assim, viajou para Roma, onde procurou os melhores mestres de retórica e onde passou uma juventude um tanto livre. Ele mesmo nos refere com verdadeira dor os desvarios da sua juventude.
Um dos seus ideais mais intensos foi o cuidado de formar uma grande biblioteca. Outra das suas ocupações favoritas e que prova também o seu fundo sério e cristão, foi a de visitar os túmulos dos mártires. Nos Domingos, em companhia dos melhores amigos, visitava os labirintos escuros das Catacumbas, contemplava as capelas e esforçava-se por decifrar os epitáfios dos mártires.
Recebeu o baptismo do Papa Libério, já com 25 anos de idade. Viajando pela Gália, entrou em contacto com o monacato ocidental e retirou-se com alguns amigos para Aquiléia, formando uma pequena comunidade religiosa, cuja principal actividade era o estudo da Bíblia e das obras de Teologia.
São Jerónimo tinha um carácter indómito e gostava de opções radicais; desejou, portanto, conhecer e praticar o rigor da vida monástica que se vivia no Oriente, pátria do monaquismo. Esteve vários anos no deserto da Síria, entregando-se a jejuns e penitências tão rigorosas, que o levaram aos limites da morte.
Abandonando o meio monástico, dirigiu-se a Constantinopla, atraído pela fama oratória de São Gregório de Nazianzeno, que lhe abriu o espírito ao amor pela exegese da Sagrada Escritura. Por volta do ano 373 ou 374 resolveu lançar-se a uma peregrinação à Terra Santa mas uma prolongada doença obrigou-o a permanecer muito tempo em Antioquia da Síria, onde se especializou no estudo da lingual grega e prestou serviços relevantes ao bispo Paulino, que o quis ordenar sacerdote, no ano 379. No entanto, Jerónimo não sentia vocação à actividade pastoral e quase nunca exerceu o ministério sacerdotal. Tendo que optar entre a sua vocação inata de escritor e o chamamento à ascese monástica, encontrou uma conciliação entre estes extremos que marcaria o caminho da sua vida: seria um monge mas um monge para quem o retiro era ocasião para uma dedicação total ao estudo, à reflexão, à férrea disciplina necessária à produção da sua obra, que queria dedicar na sua totalidade à difusão do cristianismo. Dentro desta vocação e severa disciplina, estudou o hebraico com um esforço sobre humano e aperfeiçoou os seus conhecimentos do grego para poder compreender melhor as Escrituras nas línguas originais.
Chamado a Roma pelo Papa Dâmaso no ano 382, que o escolheu como secretário particular, recebeu do mesmo a incumbência de converter a Bíblia para o latim, graças ao conhecimento que tinha desta língua, do grego e do hebraico. O Papa desejava, de facto, uma tradução da Bíblia mais fiel em tudo aos textos originais, traduzida e apresentada num latim mais correcto, que pudesse servir de texto único e uniforme na liturgia. Até à altura existiam traduções populares muito imperfeitas e diversificadas, que criavam confusão.
O espírito de São Jerónimo fica bem retratado por estas frases que dirigiu ao Papa: “Eu mantenho-me unido a Sua Santidade, isto é, à Sé de Pedro. Sobre esta rocha sei que está fundada a Igreja. Fora da Igreja não há salvação. (…) Quem está fora da Igreja do Senhor, não pode ser puro”.
No ano de 385 São Jerónimo abandona Roma definitivamente, e toma, pela segunda vez, o caminho de Jerusalém. Depois de percorrer as colónias monásticas do deserto da Nítria, estabelece-se definitivamente em Belém, no ano de 386, onde viveu 34 anos numa contínua e incansável actividade literária, de oração e penitência.
O trabalho de São Jerónimo começado em Roma durou praticamente toda a sua vida. Na tradução, São Jerónimo revela um agudo senso crítico, um amor incontido à Palavra de Deus e uma riqueza de informações sobre os tempos e lugares relativos à Bíblia.
Como dele disse o Papa Bento XVI: A preparação literária e a ampla erudição permitiram que Jerónimo fizesse a revisão e a tradução de muitos textos bíblicos: um precioso trabalho para a Igreja latina e para a cultura ocidental. Com base nos textos originais em grego e em hebraico e graças ao confronto com versões anteriores, ele realizou a revisão dos quatro Evangelhos em língua latina, depois o Saltério e grande parte do Antigo Testamento. Tendo em conta o original hebraico e grego, a Septuaginta, a versão grega clássica do Antigo Testamento que remontava ao tempo pré-cristão, e as precedentes versões latinas, Jerónimo, com a ajuda de outros colaboradores, pôde oferecer uma tradução melhor: ela constitui a chamada "Vulgata", o texto "oficial" da Igreja latina, que foi reconhecido como tal pelo Concílio de Trento e que, depois da recente revisão, permanece o texto "oficial" da Igreja de língua latina.
Eis algumas das palavras de São Jerónimo que nos mostram a sua fidelidade, aplicada no seu trabalho: “Cumpro o meu dever, obedecendo aos preceitos de Cristo, que diz: Examinai as Escrituras e procurai e encontrareis, para que não tenha que ouvir o que foi dito aos judeus: Estais enganados, porque não conheceis as Escrituras nem o poder de Deus. Se, de facto, como diz o Apóstolo Paulo, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, aquele que não conhece as Escrituras, não conhece o poder de Deus, nem a Sua sabedoria. Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo”.
Até aos últimos momentos, São Jerónimo conservou clara a inteligência e vigorosa e firme a espada da pena. Faleceu a 30 de Setembro de 419 ou 420 perto de Belém, na sua cela, próximo à gruta da Natividade.
É reconhecido pela Igreja Católica como santo e Doutor da Igreja, e como santo pela Igreja Ortodoxa Oriental.
Ana Líbano Monteiro
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