sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Custódia da Terra Santa




1. A presença dos Frades menores na Terra Santa remonta às raízes da Ordem dos Frades Menores.
Fundada por São Francisco em 1209, logo se abriu à evangelização missionária. Com o Capítulo Geral de 1217, que dividiu a Ordem em Províncias, nasceu também a Província da Terra Santa, a qual se estendia a todas as regiões que gravitam ao redor da bacia Sul-oriental do Mediterrânio, do Egito até a Grécia, e além.
A Província da Terra Santa abrangia, naturalmente, a terra natal de Cristo e os lugares da realização do mistério da nossa Redenção. Por esse motivo é que a Custódia da Terra Santa foi considerada a pérola de todas as Províncias e – depois de abrir outras missões da Ordem em todo o mundo – é considerada a pérola de todas as missões, até os dias de hoje. Essa Província foi visitada pelo próprio São Francisco que, por vários meses, esteve percorrendo o Egito, a Síria e a Palestina, entre 1219 e 1220.
É justamente nesse período que acontece o encontro de Francisco com o Sultão Melek el-Kamel. Naquele contexto de guerras, no curso das Cruzadas, Francisco de Assis ultrapassou as trincheiras para ir falar, dialogar, com o Sultão, considerado o inimigo por excelência, o infiel. Isso foi um profético exemplo de diálogo e um testemunho de respeito entre culturas diferentes, exemplo que tem muito a dizer ao homem de nosso tempo.
O mesmo espírito animou e anima a aventura humana e espiritual dos Frades menores no Oriente próximo, a serviço das populações locais, sejam elas cristãs ou não.
A Província da Terra Santa, em 1263, foi organizada em entidades menores, chamadas Custódias, a fim de facilitar as atividades dos Frades menores. Sugiram, assim, as Custódias de Chipre, da Síria e aquela, mais propriamente dita, Custódia da Terra Santa. Essa compreendia os conventos de Jerusalém e das cidades litorâneas: Acre, Antioquia, Sídon, Trípoli, Tiro e Jafa.

2. O retorno definitivo dos Frades Menores em Terra Santa
O ano de 1291, a cidade de São João d’Acre, último baluarte cruzado na Terra Santa, caiu em mãos muçulmanas. Contudo, os Frades menores, tendo se refugiado em Chipre, onde se encontrava a sede da Província do Oriente, continuaram a programar e atuar toda forma possível de presença em Jerusalém e nas outras regiões dos santuários palestinos. O próprio Papa João XXII concedeu o direito de o Ministro provincial da Terra Santa enviar, cada ano, dois de seus Frades para os Lugares Santos. Apesar de tantas dificuldades, os Frades menores continuaram a estar presentes e a exercitar toda forma possível de apostolado. É certa sua presença a serviço do Santo Sepulcro, no período entre 1322 e 1327.
O retorno definitivo dos Frades menores à Terra Santa, com a posse legal de determinados santuários e ainda o direito de uso de outros, se deve à generosidade do Rei de Nápoles, Roberto d’Angiu e Sância de Maiorca. Esses, em 1333, adquiriram o Santo Cenáculo do Sultão do Egito, por mediação do Frade menor, Frei Ruggero Garini, e o direito de realizar celebrações no Santo Sepulcro. Além disso, estabeleceram que fossem os Frades menores a gozar de tais direitos, em nome e por conta da Cristandade. Em 1342, o Papa Clemente VI, com as Bulas Gratias agimus e Nuper carissimæ, aprovou o procedimento da Realeza de Nápoles, e promulgou disposições para a nova entidade. Os Frades, destinados à Terra Santa, podiam vir de todas as Províncias da Ordem e, uma vez, a serviço da Terra Santa, estavam sob a jurisdição do Padre Custódio, “Guardião do Monte Sião, em Jerusalém”, que dependia do Ministro provincial da Terra Santa, com sede em Chipre.
A presença constante dos Frades menores na Terra Santa e o seu empenho na evangelização e na promoção dos valores cristãos na mesma foi determinante na formação e no crescimento daquela Igreja local, a ponto de tornar possível a restauração do Patriarcado latino, em 1847. Desde então, a Custódia e o Patriarcado latino atuam em espírito de fraterna colaboração, no cumprimento de suas respectivas competências.
A Custódia da Terra Santa é, atualmente, a única Província da Ordem com caráter internacional, por compor-se de religiosos provenientes de todas as partes do mundo: alguns escolhem pertencer a essa realidade desde o início de sua caminhada, enquanto outros decidem prestar serviço, nela, por um período mais ou menos longo.

3. Fundações e aquisições
1229 – Os Frades menores estabeleceram-se em Jerusalém, nas proximidades da V Estação da Via-Sacra.
1323 – Serviço no Santo Sepulcro e humilde residência, ali.
1335 – Fundação do Convento do Cenáculo.
1342 – Fundação canônica da Custódia de Terra Santa pelo Papa Clemente VI.
1347 – Definitiva instalação no Santuário da Natividade em Belém.
1363 – Posse do Túmulo da Virgem, conservado até 1757.
1392 – Reaquisição da Gruta dos Apóstolos, ao Norte do Horto das Oliveiras.
1485 – Aquisição, em Ain Karem, do lugar do nascimento de João Batista. A atual Igreja é de 1621.
1551 – Expulsão definitiva do Cenáculo.
1557 – A sede da Custódia passa ao Convento de São Salvador, em Jerusalém.
1620 – Aquisição, em Nazaré, das ruínas do Santuário da Anunciação. A primeira Igreja é de 1730.
1631 – Aquisição, no Monte Tabor, das ruínas do Santuário da Transfiguração.
1666 – Aquisição, em Jerusalém, do Horto das Oliveiras. A atual Igreja foi erigida em 1730.
1679 – Aquisição da propriedade do Santuário da Visitação, em Ain Karem. A igreja atual foi construída entre 1938 – 1940.
1745 – Em Nazaré, são adquiridas as ruínas, da época das cruzadas, do Santuário da Nutrição (São José). A primeira capela é de 1754, a Igreja atual foi construída entre os anos 1911 – 1914.
1836 – Em Jerusalém, adquirem-se as ruínas da Flagelação. A capela é de 1839.
1861 – Em Emaús – Qubeibeh, a marquesa P. Nicolay doa a capela de S. Cléofas. A Igreja atual é de 1901.
1878 – Adquire-se, em Naim, o lugar do santuário. A capela é de 1880.
1880 – Aquisição da área de Betfagé. A capela é de 1883.
1889 – Aquisição da V Estação da Via-Sacra, de Dominus Flevit, de Tabgha e das ruínas de Magdala.
1894 –As ruínas de Cafarnaum são adquiridas. Em 1921, é restaurada a sinagoga. O memorial de São Pedro foi consagrado em 1990.
1909 – Aquisição do Campo dos Pastores, em Beit Sahur, próximo a Belém.
1933 – Aquisição, junto ao rio Jordão, do lugar tradicional do Batismo de Jesus.
1936 – Construção, em Jerusalém, do Convento ad Coenaculum, no Monte Sião.
1950 – Reaquisição da área de Betânia. Em 1952, construção do Santuário de São Lázaro.
1964 – Paulo VI, peregrino na Terra Santa.
1969 – Inauguração da nova igreja da Anunciação, em Nazaré.
2000 – João Paulo II, por ocasião do Grande Jubileu, visita a Terra Santa.

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